Primeiro foi o vereador Romer Guex, que depois de quase 30 anos de militância no PDT deixou o partido para filiar-se ao PSOL, indignado com os rumos da agremiação que uniu-se ao governo Lula para ocupar um ministério. Com o vereador, migraram mais 70 filiados. Esta semana, a briga no PDT detonou mais uma defecção. O jornalista Fábio Salvador, que até então permanecia irredutível na decisão de resgatar o partido à sua linha original, brigou feio com lideranças nacionais da Juventude Socialista, a ala jovem do partido.
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Na última semana, o jornalista resolveu manifestar sua indignação com o que chama de "rumos neolulistas" do PDT escrevendo um manifesto e divulgando-o através do site de relacionamentos Orkut e através de seu blog de grande audiência. Quando começava a encontrar simpatias entre os internautas pedetistas, Salvador teve seus textos apagados do Orkut e começou a receber ataques verbais em sua caixa de scraps.
Então iniciou-se uma discussão que durou dias. "Se o partido é Democrático, como diz o nome, então eu tenho o direito de manifestar minha discordância. E pelo que vejo, mais gente pensa como eu", disse Fábio.
No entanto, seguindo outro conceito de "democracia", os moderadores expulsaram-no da comunidade da JS no Orkut. Simultaneamente, outras vozes discordantes receberam o mesmo tratamento e suas mensagens subitamente desapareceram daquele espaço na Internet.
O debate então passou a ter tonalidades mais pessoais. Um membro do diretório nacional do partido entrou em contato com o PDT de Viamão para obter dados sobre o jornalista e enviou-lhe mensagens em tom desrespeitoso, às quais foram dadas respostas ácidas no estilo típico do ex-diretor do jornal A Cidade.
"Às vezes sou até meio grosso, porque não há debate possível entre a racionalidade coerente e a defesa inconseqüente de interesses carguísticos nefandos. É como já dizia o Enéas: as trevas e a luz não podem se misturar", disse.
"Esse cara me disse que telefonou para o pessoal do PDT Viamão e que eles falaram muito mal de mim, dizendo inclusive que eu já estava fora do partido. Das duas uma: ou falaram com desafetos que há muito tempo querem me calar, ou falaram com pessoas que considero amigas e que estariam me traindo. Nem vou me dar ao trabalho de descobrir. Por um lado, um traidor não tem moral para falar nada e eu até duvido que seja esse o caso. por outro lado, meus desafetos nunca tiveram moral suficiente para falar qualquer coisa contra minha pessoa. Vão dizer o que? Eu tenho defeitos, mas não manchas na biografia. Eu nunca fiz nada de errado! Ah, e só para constar: continuo filiado ao PDT."
Ele diz que chegaram a ameaçá-lo com um processo de expulsão do partido, mas que não teme essa possibilidade pois já enfrentou episódios parecidos, saindo sempre ileso..
"Não podem me expulsar do PDT porque o estatuto prevê a liberdade de discordar e discutir os rumos do partido. Ninguém tem base legal para me expulsar do partido, e isso deixa eles loucos de raiva. Mas penso em sair pacificamente. Se o PDT quer se transformar em uma legenda de caciques e mergulhar no mar de lama, que o faça sem me arrastar junto."
Depois de encerrar a discussão que classifica como "uma imensa perda de tempo entre um homem extremamente ocupado como eu e um indivíduo que acha que está fazendo uma grande coisa ao defender um fisiologismo absolutamente condenável", Salvador emitiu um manifesto sobre a situação atual do PDT que pode ser lido em seu blog www.fabiosalvador.v10.com.br
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