A primeira vez que tive um contato mais próximo com a história viamonense foi quando cursava a oitava série no Walter Jobim e fomos entrevistar a viúva de Victor Américo Cabral, para um trabalho sobre Viamão. Ele tinha escrito, em 1976, um livro que contava um pouco da história de nossa cidade e até ganhei um exemplar, que se perdeu no meio das infindáveis pesquisas universitárias de minha irmã, no curso de História. Confesso que não me recordo de toda a obra, mas na sua essência, o que interessa é que naquela época, com 13 anos, eu descobri que nossa cidade tinha muito mais que uma lenda sobre a visão de cinco rios que deram nome ao município ou uma trincheira no Tarumã, palco de heróicas batalhas. Ali, e depois, em outras obras e conversas, pois muitas histórias têm se perdido por agrafismo, comecei a perceber que temos uma rica cultura e um rastro genealógico a seguir. Em resumo: nossa história tem que ser contada.
Aí você dirá que já estamos fazendo isso. Os tradicionalistas e nativistas têm se preocupado em manter acessa a chama da cultura gaúcha. E agora o Poder Público também está mobilizado recolhendo registros de nossa cultura, de nossa gente e seus hábitos. Com todo o respeito, nativismo e tradicionalismo, com a melhor das boas vontades, na verdade pasteurizam algumas idéias e colocam tudo no mesmo saco. Fazem parecer que o gaúcho daqui é igual ao gaúcho de lá. E mais do que reunir depoimentos, precisamos forjar uma mentalidade viamonense. Temos a obrigação de fundar uma nova idéia. Temos que fundar o Viamonismo!
Neologismos à parte, o que interessa é a raiz da palavra e do ideal: Viamão. Talvez você não saiba, mas você mesmo pode já estar participando deste movimento. Toda a vez que uma notícia é veiculada nos grandes centros, sobre Viamão, vai dizer que você não fica indignado com a falta de informação que muitas vezes estas matérias deixam transparecer? Quer um exemplo? Nosso garoto prodígio da música viamonense, Lucas Lima, quando esteve em entrevista no Programa do Jô, em rede nacional, deixou a impressão que Viamão é só mais um lugar ao lado de Porto Alegre. Não foi culpa dele. Longe disso. A culpa é da pouca importância que damos a algumas questões que são relevantes para a formação da auto-estima de nossa gente. Se o menino Lucas estivesse engajado no Viamonismo, saberia que nossa cidade tem uma bela história pra contar e se orgulharia dela.
Algumas pessoas sem querer já estão fazendo parte deste movimento. São “viamonistas” porque, todos os dias, fazem alguma coisa pelo movimento. Meus amigos, Paulo Lilja e Silvio Monteiro são exemplos disso. O Sílvio, com seus sítios na rede mundial de computadores, de alguma forma está contribuindo para criar a discussão sobre nossa condição. E o Lilja, que durante anos juntou informação sobre a terra, agora transmite toda esta bagagem em palestras nas escolas. Aliás, tem uma frase do Paulo que sintetiza essa nossa vontade e necessidade de engrossarmos as fileiras deste novo movimento: “Viamão é a estrela e Porto Alegre é o buraco negro que suga a nossa luz. Temos que virar as costas pra este abismo e olharmos com mais carinho para as nossas realizações”. Afinal de contas, a história mais bonita nem sempre é a mais interessante, mas sim a melhor contada. E a nossa é muito mais interessante. Só precisamos aprender a contá-la.
Viamonistas uni-vos! Nada tens a temer!
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