segunda-feira, 5 de março de 2007

A diferença entre Meninos e Monstros

Post enviado por Henrique Caceres - Presidente do D.A. de Pedagogia PUC/RS - Viamão

Ainda sobre o menino João Hélio e a escalada da violência. O debate está na boca do povo, que está tomando posição, amadurecendo e percebendo o posicionamento de nossos representantes. No olho do furacão deste debate, numa tentativa de encerrar a polêmica sobre a redução da maioridade penal o Presidente Lula sugeriu que reduzir para 16 anos não é a solução e que daqui a pouco estarão propondo a redução para crianças de 12, cinco anos ou até mesmo fetos.

Claro que o Presidente estava exagerando e apenas fazendo mais uma parábola como é de seu costume. No entanto os políticos de seu campo e dos partidos aliados ao governo passaram a repetir esta frase como se fosse um mantra e é ai que mora o perigo. Se continuar assim a morte do menino João Hélio que deveria estar sendo protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a de milhares de crianças, jovens e adultos vítimas da criminalidade terá sido em vão e mais uma vez o país perderá a oportunidade de amadurecer politicamente.

Sem querer ofender ninguém, preciso discordar do Presidente da República, digo que se um feto tivesse quatro latrocínios, o seqüestro, estupro e assassinato brutal de um casal de jovens por motivo fútil, por mim poderia ser julgado e condenado. É óbvio que fetos e crianças não cometem crimes, o que está se discutindo são casos como o do monstro carniceiro de 17 anos que está inimputável protegido pelo ECA e que daqui a poucos meses será libertado da FEBEM de São Paulo e poderá recomeçar sua vida.

Pergunto a você que está lendo este artigo, você acredita que aquele monstro em formação, com as imagens de assassinatos brutais em sua memória, já está pronto para voltar a conviver em sociedade junto de nossos filhos? E sabe que como ele cometeu estes crimes sendo menor de idade, sua ficha na polícia estará limpa após os 18 anos, que ele poderá vir morar no Rio Grande do Sul e ser contratado por você sem nenhuma suspeita.

Você acredita ser isto racional? A desigualdade social é um dos elementos da violência, porém não é o único, a sensação de impunidade também alimenta a violência. A nossa sorte é que os políticos mudam de discurso com muita facilidade, pois aqueles que antes gritavam fora FMI, hoje mantêm boas relações com os Estados Unidos, e seguem as regras econômica ditadas pelo FMI.

Vamos torcer para que o mesmo ocorra em relação ao debate da redução da maioridade penal e combate à violência, tomara que ao sentirem a pressão popular eles também mudem de discurso e resolvam dar um basta para a malandragem, justificando assim os salários pagos pelos cidadãos trabalhadores.


Henrique Caceres

Presidente do D.A. de Pedagogia

PUC/RS Viamão.

3 comentários:

Anônimo disse...

O ECA em sua plenitude atende a todos nossos anseios. Mas é necessário que isto se traduza em políticas públicas. Piaget já defendia a tese de que a educação somente será atendida em sua plenitude se vier alicerçada de uma base cidadã. Neste sentido, comparar meninos e monstros também torna-se relevantemente sem fundamentação na medida que não se faz uma análise de Freund quando ele provoca a reflexão referente as diferenças entre a mente e as suas reações ao meio. Portanto, nós, que estamos na Universidade, temos que ter cuidado ao promover reflexões, pois as respostas nem sempre são aquelas que todos querem ouvir.
Paulo Almeida
Professor

Luis Cáceres disse...

Enquenato meninos são arrastados pelas ruas de nosso país, existem pessoas preocupadas em defender teses e pedaçoes de papel. É hora de agir. Em um mundo perfeito seria possível ficar divagando a respeito do politicamente correto, mas o mundo não é perfeito, nem nunca o será e a legislação deverá adaptar-se as mazelas humanas. Todos gostarímos que a qualidade de vida de nosso país fosse como a canadense, porém ainda não chegamos nesse nível e por isso devemos ter ações concretas para barrar a violência, independente de quem é a culpa.

Anônimo disse...

O caso é sem dúvida muito discutível e extremamente revoltante. Mas a questão é que tudo isso, que os colegas colocaram tem muito sentido. O que acredito cinseramente é que são estas ações que os mesmos estão fazendo que despertarão em algum momento nossa sociedade para a realidade que só se pode mudar com discussão, com indignação e com atitude, por isso parabenizo vocês dois por estarem dispostos a colocarem suas opiniões sem medo de represálhas e que isso seja uma bandeira para todos os brasileiro, expor nossas idéias, debater, discutir. Eu acredito que só assim é que poderemos mudar verdadeiramente nosso país. Continuem mostrando esses sentimentos e idéias, assim, muitas outras pessoas começarão a também mostrar os seus e quem sabe, em um futuro próximo, possamos reverter a situação de violência em que se encontra nosso país. Mas em relação ao assunto, vamos deixar que crianças matem crianças? ou deixar que crianças tenham formação superior em uma instituição flida como são nossos presídios? Difícil não? o problema é na raíz e deve ser resolvido e com urgência, e o início pode ser desse jeito, com discussão, polêmica e muita luta!
Maura carneiro
Secretária Geral do DA Pedagogia PUCRS Viamão