Pela manhã, Jorge Amaro introduziu ao tema, refletindo e dialogando com os participantes a proposta do dia. "Acessibilidade e Inclusão, temas tão abordados na contemporaneidade - expressão de cidadania e de direitos -, são muito pouco consolidados em políticas, programas, ações governamentais e não governamentais, sobretudo em posturas e práticas individuais e coletivas. Entendemos que a mudança é possível a partir de um conjunto de ações fundamentadas na transversalidade do tema. O passo inicial, ou seja, a discussão ocorrida neste curso é um marco referencial importante. É grande desafio de fazer este diálogo. Será a nossa atuação, em rede, que irá, com o protagonismo das pessoas com deficiência, dos indígenas, quilombola e todos aqueles vulneráveis socialmente que iremos avançar das discussões para medidas práticas. Vinicius Lima, do Maricá complementou explanando sobre como podemos difundir uma cultura ambiental de forma permanente, destacando a participação como um elemento essencial na busca por melhor qualidade de vida e percepção ambiental.
Após a fala de Lima, o instrutor do Centro Abrigado Zona Norte João Müller e seus aprendizes Flavia Krumenauer, José Gasparin e Rosemari Silva apresentaram a experiência em educação ambiental da entidade.
O CAZON – Centro Abrigado Zona Norte foi fundado em 1992 e é vinculado a FADERS - Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas para Pessoas Portadoras de Deficiência e Altas Habilidades no Rio Grande do Sul. Essa, por sua vez, está ligada à ligada Secretaria de Educação do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
É voltado ao desenvolvimento de atividades ocupacionais a Pessoas Com Deficiência Mental – PCDM na idade adulta (dos 18 aos 54 anos). As atividades desenvolvidas contribuem para o desenvolvimento emocional ético e cognitivo das PCDM ao longo do seu processo de socialização e construção de sua identidade social. Cerca de 140 aprendizes participam de diversas oficinas e atividades complementares como oficina de produção (terceirização às empresas), arte e artesanato, artes domésticas, recreação e lazer, técnicas agrícolas e educação ambiental, apoio pedagógico, educação física e terapia ocupacional. Essas atividades dão chance das PCDM adquirirem novos conhecimentos, aprimorando os já existentes, interagindo e confrontando a realidade, buscando constantemente a construção de sua cidadania.
A Oficina de Técnicas Agrícolas e Educação Ambiental – em seu plano de ação visa trabalhar a preservação ambiental e a inclusão de portadores de deficiência, tendo como pólo irradiador à percepção ambiental, o contato direto com a natureza, as vivências do dia a dia, os reflexos da relação antrópica local permitindo a sensibilização e as mudanças comportamentais necessárias para busca constante de crescimento como seres humanos, membros de um planeta vivo. Neste contexto, são desenvolvidas atividades de percepção e contato direto com a natureza, provocando reações diversas. Como isso afetará estas pessoas? Diferentes estudos têm mostrado que o contato com a natureza influência na saúde física e mental das pessoas (Fundação Gaia, 1995), a capacidade de fantasiar é maior (Grahn, 1996) desenvolvendo uma maior coordenação motora e melhor capacidade de concentração e diminuição do estresse causado pelo fluxo intenso das grandes cidades. Os trabalhos são direcionados a turmas, constando no máximo 15(quinze) aprendizes. Procura-se abordar as potencialidades individuais de cada um, buscando seu aprimoramento e crescimento coletivo. Dentre as temáticas trabalhadas, dois foram os eixos estruturadores: manejo de resíduos sólidos e agroecologia.
Na parte da Tarde, Salete Milan, coordenadora nacional da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência abordou a temática inclusão e acessibilidade. "é necessário que as pessoas enxerguem primeiro a pessoa. Temos diferenças, mas somos iguais enquanto seres humanos. Há necessidade de avançarmos no efetivação das políticas públicas, principalmente no que diz respeito a desmistificar nossa participação social."
O encerramento contou com a presença do cientista social e educador popular do CAMP João Mauricio Farias que abordou diversidade e a questão indígena em Viamão. "temos muito que aprender com outras culturas, principalmente a Guarani. Em Viamão são três aldeias que contribuem de forma única com a cultura local. Destacou ainda a necessidade de rompimento com uma cultura de consumo que está nos levando a insustentabilidade ambiental."
Jorge Amaro avaliou como positivo o encontro. "na medida que abordamos temas tão importantes e trouxemos experiências reais, os participantes puderam ter contatos com realidades diferenciadas. Trazer deficientes para serem painelistas nos deu um outro olhas sobre inclusão."
O papel das escolas na educação ambiental
O curso de formação em educação ambiental promovido pela ONG Maricá tem um diferencial: a participação das escolas. No terceiro módulo, destacou-se a acolhida oferecida pela escola Municipal de Ensino Fundamental Sargento Raimundo Soares, através de sua equipe diretiva. Além dos excelentes espaços, a escola proporcionou um excelente almoço e lanches aos participantes. Os cursistas tem destacado este empenho da rede municipal. Quem coordenou a atividade pela escola foi a vice-diretora Andrea Machado.
Jorge Amaro de Souza Borges
jorgeamaroborges@gmail.com
vhecologia.blogspot.com
(51) 96128261
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