terça-feira, 19 de agosto de 2008

Jornalista de Viamão Acredita em Assassinato de João Goulart

Jango confidenciou que corria risco de vida Amigo e assessor revela agora o último encontro que teve com o líder em Buenos Aires. Por isso, crê na tese de seu assassinato

Dois momentos presenciados pelo amigo pessoal e assessor do ex-presidente brasileiro João Goulart, jornalista Antônio Ávila, de 80 anos, o fazem acreditar na tese de assassinato do líder político. Um desses momentos foi o último encontro, em 1976, em Buenos Aires, quando Jango lhe pediu que sua volta fosse preparada, pois sua vida corria risco.

O outro se refere ao dia em que o corpo de Goulart chegou a São Borja, onde policiais militares impediram, de forma autoritária, a realização de autópsia para averiguar a causa da morte.
Aposentado do governo federal, Ávila mora há 19 anos em Viamão. Amigo de Jango desde a adolescência, o jornalista trabalhou como assessor da Presidência da República do final da década de 50 até o levante militar, em 64. Mesmo no período da ditadura, continuou como homem de confiança do ex-presidente.

A missão de gestionar o retorno pacífico de Jango começou a ser planejada em meados de 1976. Na época, o presidente exilado ligou para Ávila e pediu que fosse ao seu encontro em Buenos Aires. 'Eu disse que iria em 15 dias, mas ele falou que era muito tempo. Percebi que estava ansioso e viajei no dia seguinte', lembra. Aquele seria o último encontro em vida entre os dois.

No escritório, Jango confessou que o chefe da Polícia na Argentina tinha lhe avisado que havia um complô internacional para eliminar três ex-presidentes, entre os quais Goulart. Ávila recorda, claramente, das palavras do amigo. 'Antoninho, apura teus entendimentos com os teus coronéis, porque eu não tenho mais condições de ficar no Uruguai nem na Argentina. Se for preciso, vou a pé para o Brasil, mesmo podendo ser preso, porque aqui vão acabar me matando', relata Ávila, citando o desabafo do ex-presidente, feito um mês antes de sua morte.

Desde então, ele começou a 'conspirar' para trazer Jango de volta ao Brasil, sempre com o cuidado de não ser detido pelos militares. Entre os seus contatos estão o líder político Marciel Terra e o ex-governador gaúcho Walter Peracchi Barcelos. 'Na diretoria do Banco do Brasil, Peracchi conseguiu com coronéis do governo militar autorização para o retorno', conta, mostrando os telegramas recebidos sobre a definição da data de volta de Jango. Ávila teve que trabalhar com muito cuidado.

por JOANA COLUSSI
joanacolussi@correiodopovo.com.br

CORREIO DO POVO PORTO ALEGRE
SEGUNDA-FEIRA, 18 DE AGOSTO DE 2008

Materia enviada por Valério Cordeiro - ASCOQUE Viamão para o Blog do Viamão Hoje

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